Amigos da engenharia e curiosos, continuando a nossa série de artigos sobre Planejamento de Obras de Infraestrutura (se você não leu o primeiro clique aqui) hoje vamos abordar dois assuntos importantes para o desenvolvimento do nosso tema: Os diferentes níveis do planejamento e o roteiro básico para o planejamento inicial da obra.
Primeiramente vamos dar uma aprofundada nos níveis de planejamento que comentei no fim do artigo anterior. Como disse existem 3 níveis de planejamento, o de longo prazo (nível estratégico), o de médio prazo (nível tático) e o curto prazo (nível operacional). E as diferenças entre eles não se resumem apenas na quantidade de dias ou meses que cada um abrange, mas eles possuem funções diferentes. Vejamos:
Longo prazo – Envolve o dimensionamento macro de tempo e equipes necessárias para a execução das etapas da obra, os starts de suprimentos que demoram mais para aquisição ou contratação (leadtime maiores), além das estimativas de custo distribuídos no tempo;
Médio prazo – Nível em que se observa com mais cuidado as próximas semanas, algumas empresas adotam 6WLA (“six week look ahead”) outras olham para os 2 meses seguintes, com atualização mensal. Mas independentemente do período a se observar o foco é diferente do longo prazo, se analisam as atividades que serão executadas neste período na tentativa de se eliminar as ‘restrições’ para a execução de cada uma. Estas restrições seriam não somente a finalização das atividades anteriores a ela no cronograma (predecessoras), mas ter certeza de que a mão de obra é suficiente e se há conhecimento do que e como será feito, se há material em quantidade e qualidade para a realização, se o local em que a tarefa será executada está liberado e outros…
Curto Prazo – Este geralmente é limitado em 1 a 2 semanas produtivas, é a passagem de bastão da equipe de gerenciamento para a produção. Em reuniões semanais deve ser discutido com os encarregados de cada serviço sobre o que será feito, se a produção adotada é factível dentro das condições da obra, se as restrições do médio prazo foram todas resolvidas e etc.
Voltando para o roteiro de elaboração do Planejamento Inicial é importante deixar bem claro que este roteiro já é bem conhecido e aplicado na construção civil, porém há variações dependendo do autor e do trabalho que está sendo realizado. Veja abaixo o sequenciamento e do que cada um deles depende ou está ligado:
1 – Identificação das Atividades (EAP) – visita técnica, orçamento, memoriais e descritivos, projetos;
2- Definição macro das durações – orçamento, produtividades medidas, produtividades teóricas;
3 – Sequenciamento das atividades – plano de ataque, sequencia executiva, pacotes de atividades;
4 – Geração do Cronograma/linha de balanço – compilação das etapas anteriores (Longo Prazo);
5 – Atribuição dos Recursos – adição dos insumos/mão-de-obra e seus custos ao cronograma;
Até aqui não há muita diferença entre a construção civil e a infraestrutura (ou construção pesada), estas serão melhor evidenciadas nos próximos artigos. Foram usados conceitos de gestão por projetos, Lean Construction (ou construção enxuta), Last Planner e outras ferramentas de gestão que somadas trazem as práticas de planejamento utilizadas no mundo todo.
Espero que estes artigos estejam acrescentando algo, muito do que está aqui está de forma simplificada ou reduzida então sugiro alguns livros para um melhor aprofundamento caso se interessem:
Planejamento e Controle de Obras – Aldo Dorea Mattos – Pini (2010);
Gestão de Projetos e Lean Construction – Antônio Carlos da Costa Valente e Victor Meireles Aires – Appris (2017);
Como Gerenciar Projetos de Construção Civil – Marco Antonio Portugal – Brasport (2017);
Lean Construction O principio do Takt – Eduardo Henrique de Oliveira – (2018).
Book Excelência Operacional – Andrade Gutierrez – http://www.andradegutierrez.com.br/uploads/files/9e2e8deda2ac4d9297b58730361f6fb6_BOOK_EXCELENCIA_OPERACIONAL_AG.PDF
Luiz H. Berloffa
Sócio-diretor da Planinfra – Projetos, Planejamento e Gerenciamento de Obras de Infraestrutura Ltda